quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A naturalidade do parto e sua função na vida do ser humano ​​ 

Por Suely Carvalho
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No momento em que o bebê está passando pelo canal vaginal, ele está fazendo um esforço para chegar à vida, está contribuindo com a mãe dele para esse parto. Ao mesmo tempo, ele está recebendo uma carga de hormônios que vai ajudá-lo muito a reagir a esse novo mundo. Além disso, normalmente, o bebê vem de cabecinha e, como os ossos do crânio não estão consolidados, seus neurônios recebem um estímulo muito importante e profundo no momento da passagem.

Contrariando o que alguns cientistas da obstetrícia dizem, que é uma coisa traumática, o parto é, na verdade, uma forma de fortalecer e de consolidar o sentido de segurança para a criança, para essa pessoa. Eu prefiro chamar de pessoa, que é para todo mundo entender melhor que o que nós somos hoje é, em grande parte, reflexo do que tivemos ou fizemos no momento do nosso nascimento.

Sem dúvida nenhuma, nascer de parto natural, sem intervenções, sem pressões, e com segurança, com afeto, num ambiente tranquilo e respeitoso, faz com que as crianças nasçam vitoriosas. Elas já têm, em seu primeiro momento de vida, o registro de uma grande vitória. Elas conseguiram nascer, elas foram vitoriosas nesse rito de passagem e essa sensação de energia e de vitalidade, vai durar por muitos anos.
Essas pessoas terão mais equilíbrio nos relacionamentos sociais, serão mais tranquilas para suas tomadas de decisão porque, para elas, o desafio de nascer foi vencido e o que vem depois é uma complementação do que já começaram ao nascer.

O que temos, hoje, em nossa sociedade são muitas pessoas doentes, que precisam curar esse trauma de um nascimento que foi feito de maneira desrespeitosa, agressiva e até violenta. Essas pessoas têm mais dificuldade nos relacionamentos, em se estabelecer socialmente, são ansiosas, alérgicas, muitas têm disritmia, dislexia, e até convulsões por conta de um parto mal conduzido.

O parto é absolutamente fisiológico

Desde que a mulher tenha boa saúde, e isso tenha sido constatado durante a gravidez, no acompanhamento do pré-natal, e o bebê esteja bem posicionado dentro do ventre, é só deixar que a natureza se manifeste, não precisa fazer mais nada.
É importante explicar para a mulher que o parto natural é possível e que ela é capaz. E ela, com a sua autoestima, numa atitude de autoconfiança, vai conseguir realizar essa tarefa que é intransferível.

Parto natural é normal

As mulheres que conseguem confiar no seu próprio corpo, na sua natureza feminina, têm uma atividade sexual muito mais prazerosa e saudável, têm mais paciência e confiança para cuidar da criança e para educá-la, principalmente nos seus primeiros anos de vida. São mulheres mais saudáveis em todos os aspectos e que têm muito menos problemas quando chegam à menopausa. Além disso, elas vão estimular outras mulheres a terem essa mesma experiência.

A presença do pai é durante o parto natural é fundamental

Nós temos um hormônio do prazer, chamado de feromônio, que é estimulado através do cheiro. Quando a mulher e o homem estão concebendo esse novo ser, uma memória fica gravada em nossas células e nas do bebê, mas principalmente no corpo da mulher. Fica gravado o cheiro e o prazer desse momento. Nove meses depois, quando esse ciclo está se encerrando, o ideal é que se os pais iniciaram juntos esse ciclo, que eles concluam juntos.

Na hora do parto, é importante para a mulher ser amparada e prestigiada na sua grande tarefa de parir. Ela se abraça com ele e sente o toque dele, o corpo dele junto do dela, o cheiro do homem dela e ele a ajuda, amparando, fazendo massagem. É coisa de macho e fêmea, é inerente a nosso estado primitivo animal e podemos usar isso a nosso favor.

E quando o parto é em casa, a parteira precisa muito do trabalho do homem, porque muitas coisas precisam ser feitas e a força masculina ajuda. Por exemplo, em alguns casos, a mulher fica sentada nas pernas do companheiro e ele serve de banquinho de parto.

Naquele momento, ele segura a mulher embaixo dos seios e eles estão tão colados que, quando ela faz força, ele faz força junto, e na hora que ela relaxa, ele também relaxa. Ele está com a mão apoiada na barriga dela e sente quando a contração começa. De repente, existe ali uma simbiose quase inexplicável, é um milagre.

O papel do feromônio

O cheiro do corpo do homem com quem aquela mulher iniciou um ciclo, nove meses antes, chega no cérebro e acessa a memória do momento da concepção e ela se sente segura, se sente amparada, num momento de amor, de carinho, de prazer e ela relaxa. E quando ela relaxa o parto acontece.

Também é importante para a história de vida do bebê saber que o pai dele esteve junto na hora em que ele nasceu. Eles vão poder contar para o filho uma história muito linda da sua chegada nesta vida.

O parto normal é uma recepção que registra no ser humano uma marca de amor. É uma forma de amar com as entranhas, com o útero, com o nosso próprio leite. Para mim, é um gesto divino de amor, o mais surpreendente que a gente conhece.

Fonte:

Entrevista com Suely Carvalho extraída do site - http://www.maistato.com.br/2010/12/01/pelo-direito-de-nascer-de-parto-normal


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